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A Gazeta do Repórter

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Dia Mundial da Criança e as Recordações do Passado

01.06.22 | Rogério Rosa

instituto Antonio Feliciano de Castilho.jpg

Hoje, é dia 1 de Junho, Dia Mundial da Criança. Também Fui criança e por vezes, é bom recordar a nossa própria infância, que para uns felizes, para outros, remediada e para outros de sofrimento e angústia! 

A minha infácia foi passada em casa dos meus avós paternos. Gente que vivia numa pobreza relativa, mas com muito amor para me darem. Brincava pouco na rua, os miudos eram todos mais velhos que eu. Um deles, deveria ter mais uma ou menos a mesma idade que eu. Quando ia a casa dos avós dele, pertinho da minha casa, ficava ademirado ao ver tantos carrinhos nas prateleiras e em móveis. Uma coleção, quase interminável. Lembro-me de fazer companhia ao avô dele na loja, onde arranjava os sapatos. Eu tinha a mania nessa altura, que já era crescido e que podia trabalhar. 

Entrei para os colégios, onde ia conhecer outros meninos e meninas da minha idade com quem podia crescer e brincar á vontade, pelo menos no primeiro colégio, onde era aluno externo e podia continuar com os meus avós paternos, que era o Centro Infantil Helen Keller ao Principe Real em Lisboa. Depois com a idade, passei para outro colégio e este, teria de ficar como aluno interno. Acabei por ficar 6 anos. O colégio chamou-se Instituto António Feliciano de Castilho em Campo de Ourique. Foi a salvação de muitas crianças do interior. Muitas isoladas nas suas casas, dependentes dos familiares e muitas com alguma vergonha.delas, por serem cegas ou de muito baixa visão, razão pela qual,quase nunca saiam com elas para a rua.

No Castilho, como era designado por nós. Durante esse tempo, tive uma única  professora, a Maria José da 1ª á 4ª. classe. Mas antes, ainda tive as professoras das atividades diárias, como a Helena Moita e a Corália. No entanto, todas eram importantes para a nossa formação enquanto seres humanos em crescimento. Sejam professoras, como as monitoras, como Rosa Candeias, Helena Sanches, Aida, Justina, Ana Calado, Maria dos Anjos, Perpétua, O Vitor, O luis, a Alda Cruz, que teve pouco tempo e que acabou por saír. A Elsa, a cozinheira. 

Muitas foram as aventuras, muitas foram as relações de amizade e de carinho que havia entre nós. De dia, outras professoras vinham dar outras aulas, como Trabalhos Manuais, como a Irene Grossman e a Maria Eugénia ou a professora de música Alda Pires e a Mercedes, professora de Braille. Sem esquecer os diretores, Rui Pereira Dias, Antonieta Madureira, Maria do Castelo e Luis Camacho Lobo, que morreria ainda no exercício das funções de diretor. Não poderei esquecer a Professora Emília Montalvo, Uma senhora simples, doce, meiga, compreensível e muito boa ouvinte, bem como o nosso telefonista , José Domingos Gonçalves.

Os recreios eram muitos vivos, vivenciados por todos.. Uns corriam, outros andavam de bicicleta ou de patins. Haviam 2 árvores que estavam plantadas no pátio a Tília e a Nespereira. Nesta árvore, estava um peneu ligado com uma corda, que fazia de baloiço e por baixo, uma velha ambulância, que os bombeiros deram para o colégio, que servia para brincarmos aos Bombeiros e vitimas. Por falar em Bombeiros, estes estavam instalados frente ao colégio. Estavamos bem protegidos para qualquer asneira que se fizesse ou algum acidente sofrido, como me chegou a acontecer, quando queimei as 2 mãos numa frigideira com açúcar em ponto. Levaram-me para a Cruz Branca e no dia seguinte para o Hospital Curry Cabral, onde curiosamente fui encontrar o irmão gémeo do falecido diretor Camacho Lobo, que era Médico, o que me fez alguma impressão. Fiquei 3 meses com as 2 mãos ligadas.

Praia, acampamento, festas aos Domingos com músicas colocadas pelo Tó "Buracos", ou o pianista Sr. Joaquim. Eram sempre realizadas na famosa Sala do Bowling, que servia para exercícios, convivios e jogos diversos sempre que estivesse a chuver. Aventuras mais de proximidade, numa descoberta emocional próprias da pré adolescência e claro, por vezes conflitos e pancadaria, tudo isso nos fazia crescer e ao mesmo tempo, criar laços uns com os outros. De facto, hoje com a distância de 40 anos, eramos felizes e não sabiamos!

Por vezes nas férias grandes, Natal e Páscoa, acabavamos por ir para casa das familias dos nossos colegas. Primeiro fui para Cruz de Pau, Depois no Natal/Fim de Ano, para Alcains, terra do antigo Presidente da República, Ramalho Eanes e curiosamente, acabei em casa de seus familiares. Mais tarde na Páscoa, fui para Pafarrão-Torres Novas, era numa espécie de campo, onde se podia brincar e ir conhecendo pessoas e outros miudos.

Sem sembra de dúvida, o Castilho fez de nós, o que somos hoje, independentes, pessoas de bem, formadas com famílias e sem esquecer que aquele colégio, foi muito importante nas nossas vidas e nos transformou e protegeu durante tanto tempo, que se torna inesquecível!

#rogeriorosa

 

 

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