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A Gazeta do Repórter

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Episódios de Preconceitos no Quotidiano

12.12.19 | Rogério Rosa

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          Na minha vida, não se tem passado mais do que sofrer de preconceitos. A deficiência visual, é tida como cegueira para muitos. As reações são diversas, mas têm sido em diversos sítios.
Na 6a. feira, fui fazer um teste disgnóstico no Citeforma. Os testes que eram na verdade 3 para o curso de formação de Rececionista de Hotel. Os testes era de captação de inteligência. Uma coisa estranha, porque para um curso daqueles, se os candidatos tinham de ter o 12º ano, á partida, teriam de ser inteligentes. Tive no último teste, bastante dificuldade pois tratava-se saber sobre as peças de dominó. Neste ponto devo ter errado muitos exemplos. Como o curso ia começar dia 18, tinham de fazer as coisas mais apressadas e corrigir, para que os que passassem, teriam de saber á noite por email. Os que iam passar, teriam de ir na 1a feira, para um pequena reunião de grupo. Na 2a de manha, recebi o email, que me informava que infelizmente, não tinha passado á fase seguinte. Obviamente, que não foi por causa dos diagnósticos, mas por ver mal, já que despertou a atenção das técnicas, que ficaram um pouco incomodadas pelo que estavam a ver, enquanto eu ia fazendo o teste.
          Notou-se logo que, era preconceito de que, eu a ver assim, não poderia vir a ser rececionista de Hotel. Ora eu, que fiz 19 cursos de formação profissional, desde Animação, Geriatria, Produção Multimédia, Jornalismo e Técnico de Saúde com estágio hospitalar, não ia ser capaz de fazer aquele curso?
          Outro episódio aconteceu com um programa da RTP-2. Chamado "Tanto Barulho para Nada". Fiz a candidatura como tinham anunciado no programa. Um programa onde vai toda a gente de todas as profissões. Eu, enviei com a indicação de que era ator de cinema, tv e teatro, bem como jornalista e acima de tudo, deficiente visual. Onde o objetivo, seria mais uma vez, mostrar que nós, deficientes temos o mesmo direito de oportunidades de divulgar, mostrar e ser acarinhados por isso. Levaram bastante tempo a responder, mas esta semana responderam. O que disseram, foi que, analisaram a candidatura de ir ao programa e que infelizmente não encontraram relevância nisso. Ora, vai lá tanta gente e de mais variadas profissões e eu, que ia mostrar que os deficientes são tao capazes como todos os outros e não era relevante?
          Outro episódio, este passou-se num café onde tenho ido sempre, o Café Brasil ao Bairro Alto. Ontem fiquei perplexo, ao ouvir falar de mim comigo, como se eu não estivesse lá. Muitas vezes metiam-me a meia de leite e o pão ou bolo que eu e a mulher pedimos e ele, o empregado, colocava e ia dizendo "Pronto, está aqui". Ou seja, um tratamento como se eu fosse um cego ou sem abrigo. Ontem, entrei, sentei-me e passado um bocado o empregado veio ter comigo para saber se queria alguma coisa, respondi que estava á espera. Foi para o balcão, comentar alto que com outro empregado e a mulher, passado um bocado, sobre se eu tinha pedido alguma coisa, e o empregado, respondeu, que "ele disse que estava á espera", se calhar nem está". Depois, continuou a comentar "A Mulher agora vem sempre sozinha de manha, ele já não vem. Deve estar á espera da mulher, que o venha buscar". Quando a mulher chegou, o empregado respondeu entre ele e o colega "Afinal, estava mesmo á espera da mulher". Ora isto, revela falta de profissionalismo. Na hotelaria, nenhum empregado tem o direito de fazer comentários sobre os fregueses, sejam na sua frente, seja quando estes se ausentam.

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